terça-feira, 12 de junho de 2012

Paciência


"O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência..."
(Lenine - Paciência)


Algumas semanas atrás me deparei com duas cenas terríveis de se assistir. E o pior: as mulheres, sempre tão "oprimidas e sofridas" foram as protagonistas de cenas dignas de vilã de novela, sim... como a tal Carminha.

A primeira delas se deu dentro do supermercado: uma anciã constrangia e falava absurdos para o companheiro que - isso ficou absurdamente claro pra mim - sofria de algum desses males que afeta a memória e o discernimento, seja alzheimer, parkinson, enfim.

Ele havia cometido o sacrilégio de ... perder o carrinho de compras com sacolas e remédios dentro. Sacolas daquelas reutilizáveis graças a lei que proíbe o uso das descartáveis.


Compreendi o drama daquela mulher, até mesmo porque nas sacolas deveriam ter coisas que não pudesse substituir sem prejuízo (itens que não estivessem sendo comprados). Mas sofri amargamente ao ouvir as palavras que ela dirigia a ele e o teor, a fúria que estava explícita nelas.

Por Deus e tudo que eu creio e acho bom... que não me meti. Se era como ela afirmava (que ele era um burro, lerdo, imprestável e nunca devia ter trazido-o para o supermercado) por qual motivo tinha trazido-o e sem a devida supervisão?

Depois de alguns intermináveis minutos daquela tortura eles finalmente acharam o carrinho e tudo se acalmou.

...

Dias depois... do LADO DE FORA do tal supermercado (será que o lugar precisa de uma limpeza espiritual ou algo assim?) uma outra senhora estava aos berros com o companheiro que - pasmém! - fazia uso de andador.


Ele seguia pela calçada que fazia uma curva e "escondia" degraus pra facilitar o acesso e ela ao invés de caminhar ao lado dele, vinha pela rua enlouquecida, gesticulando ameaçadoramente e gritando cada vez mais forte pra que ele mudasse seu trajeto, saindo da calçada.

Ou ele nunca havia passado por ali, ou havia se esquecido do risco oculto, mas realmente vi como sendo muito mais fácil chegar perto dele, tocar em seu braço e gesticular para que ele a compreendesse.

O meu "lado negro" dita que ela teria ganho minutos preciosos naquela altura de sua vida se tivesse feito isso. Triste.

...

Talvez eu esteja sensível demais.
Ah... não.
Eu acho que SOU sensível demais.
Só pode.

O fato é que num mundo onde assistismos abismados maus tratos contra várias formas de vida, ver alguns ataques dessa natureza proporcionados por "iguais" só me levou ao desespero.

"É, a intolerância, a raiva, o desamor... tudo isso é contagioso. Eu mesmo quisera ir lá brigar com as velhinhas do mal"


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