Há exatamente uma semana estou sem celular.
O aparelho (foto) havia sido dado como perdido, "passado pros cobre", "ido para a conta do abreu", "terra de são nunca", ou seja, prejuízo.
Não é dos mais bonitos, tampouco cheio de funcionalidades e "perequetês" (isso ecziste?).
Mas é meu. Foi pago com o valor de uma rescisão sofrida e magra, daquelas que se recebe quando chuta o pau da barraca com o empregador. É, o famoso "pedi as contas".
Escrevo este post apenas para deixar uma lição que aprendi: a do D.E.S.A.P.E.G.O.
Quando notei a falta dele me ocorreram as seguintes certezas:
1) Se eu estivesse numa nebulosa de stress, totalmente entregue e absorta numa realidade que detestava e da qual não conseguia me livrar - dentro da minha penúltima colocação profissional - teria de certo surtado. Passaria mau, com direito a alterações de pressão, glicemia e quem sabe uma enxaqueca de brinde?
2) Pensaria nestes "cem reais" perdidos pelos próximos quinze dias, quem sabe mais?
3) Me culparia mais e mais, ficando contra a minha própria essência, punindo-me e propiciando um ciclo vicioso que afetaria todos os meus níveis de relacionamento. Contaria nos dedos: hoje faz 30 dias, 31, 32...
Chato né?
Muito. A "sorte" é que me livrei disso.
E como recompensa, gosto de acreditar que a energia que move o mundo e o universo, a mesma que rege a minha vida premiou-me pelo bom comportamento.
Eu o recuperei.
"Mas peraí, quer dizer que a forma como você reagiu mudou o curso da história? Você tá é muito louca!!! O celular simplesmente migrou de um lado para o outro de acordo com a sua reação? Não seja ridícula..." é o que você deve estar pensando.
Er, não. Não é isso o que quero dizer. A minha crença é um pouco mais complexa do que isso.
O celular ficou perdido, por dias, dentro do carro do meu pai - que dá carona para os amigos, colegas de trabalho e familiares - por isso de achar que ele ficou no "penhor do universo" e eu o recuperei através do meu desapego.
A primeira coisa que pensei e comentei com duas das minhas maiores amigas foi:
"Assim como quando eu perco uma grana considerável e decido ficar tranquila, por que a minha tristeza é a alegria de quem encontra, espero que quem quer que esteja com esse aparelho faça bom uso dele". (E que melhor uso meu pai faria além de me devolver? XD)
Simples assim?
É. E foi de coração viu?!
Finalizando, eu penso que se tivesse me desesperado e dado-o como perdido DA FORMA ERRADA (vendo apenas o lado realista e pessimista da situação) eu poderia jamais tornar a saber seu paradeiro. Afinal, meu pai mesmo sequer sabia que o aparelho era meu, podia ter perguntado para uma outra pessoa que na pior das hipóteses se aproveitaria da situação.
Loucura? Devaneio? Desleixo?
Ah, que se dane. Eu quero - e fico - mesmo é o desapego...